Acordo de Maputo

O Acordo de Maputo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado em Agosto de 2019, facilitou o fim de anos de conflito, procurando trazer a paz definitiva a Moçambique.

1992

1992

Pouco depois de conquistar a independência, em 1975, Moçambique parou por uma longa e brutal guerra civil, que custou mais de 1 milhão de vidas. Em 1992, após 16 anos de combate, foi celebrado um Acordo Geral de Paz entre o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO). Foi destacada uma missão de manutenção da paz da ONU para manter a paz até às primeiras eleições multipartidárias do país, em 1994.

 


2013

Pouco depois de conquistar a independência, em 1975, Moçambique parou por uma longa e brutal guerra civil, que custou mais de 1 milhão de vidas. Em 1992, após 16 anos de combate, foi celebrado um Acordo Geral de Paz entre o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO). Foi destacada uma missão de manutenção da paz da ONU para manter a paz até às primeiras eleições multipartidárias do país, em 1994.

 

2016

Com a paz, o país começou a registar um crescimento económico acelerado. No entanto, os benefícios deste crescimento não foram sentidos pela maioria, com mais de metade da população a permanecer abaixo do limiar de pobreza. Isto contribuiu para que a Renamo renegasse o acordo de paz, e em 2013, começasse uma insurgência de baixo nível. Em 2014, foi negociado e assinado um novo acordo de paz pouco antes das eleições gerais. No entanto, os resultados eleitorais foram contestados e o acordo acabou sendo de curta duração, com o ressurgimento da violência em 2015.

2017

Desde o início, o processo de paz colocou os Superiores no seu centro. Isto aumentou a responsabilidade das partes no processo e na obtenção de uma solução. Os Superiores lançaram oficialmente o processo de paz nacional no 1 de Março de 2017.

Tinha as seguintes componentes-chave: uma Comissão de Descentralização, para desenhar uma proposta para um novo quadro de descentralização, uma Comissão de Assuntos Militares, para apresentar uma proposta para o DDR definitivo dos combatentes da Renamo e uma Equipa Conjunta de Monitoria e Verificação, para supervisionar o cumprimento do cessar-fogo e investigar denúncias de conflitos como medida de criação de confiança. Foi formado um Grupo de Contacto, presidido pelo Embaixador da Suíça em Moçambique, Mirko Manzoni, para coordenar o apoio da comunidade internacional. Foi também criado um Secretariado no início de 2017 para apoiar o processo.

2018

Foram feitos avanços significativos, que resultaram numa revisão da Constituição, que incluía alterações sobre a reforma da descentralização, e que foi aprovada por unanimidade pela Assembleia da República em Maio de 2018, seguida pela assinatura de um Memorando de Entendimento (MdE) sobre Assuntos Militares em Agosto de 2018. Este MdE traçou o roteiro para o desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR). O processo passou pela morte súbita do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, a 3 de Maio de 2018. Com a nomeação de Ossufo Momade como líder Interino da Renamo, este foi introduzido, de forma rápida e intensa ao processo, para assegurar que o mesmo continuasse no bom caminho. Após a assinatura do Memorando de Entendimento, tanto o Governo como a Renamo demonstraram o seu compromisso em relação à questão central do DDR, com o lançamento oficial do processo em Outubro de 2018. Estão envolvidos os seguintes grupos: Comissão de Assuntos Militares, Grupo Técnico Conjunto de DDR, Grupo Técnico Conjunto de Integração, Grupo Técnico Conjunto de Monitoria e Verificação. Uma equipa de peritos militares internacionais, conhecida como a Componente Internacional, foi também convidada para ajudar o GTCDDR no seu trabalho.

2019

A Renamo demonstrou o seu compromisso para com o processo ao iniciar oficialmente o processo de DDR, juntamente com as suas contrapartes do Governo, na Gorongosa à 29 de Julho de 2019, antes da assinatura do acordo de paz final. Esta combinação de antecipação da implementação durante as negociações ajudou a criar confiança em ambas as partes e levou à assinatura do Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares e do Acordo de Maputo de Paz e Reconciliação Nacional em Agosto de 2019. Estes acordos comprometem ambas as partes a pôr fim a todas as hostilidades políticas e militares e a implementar integralmente o pacote legislativo sobre descentralização. Além disso, ambas as partes reafirmaram o seu desejo de um futuro de paz e reconciliação em Moçambique e prometeram dar prioridade ao diálogo como meio de resolução de diferendos. Em Julho de 2019, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, nomeou o Embaixador Manzoni como seu Enviado Pessoal para Moçambique. Isto assegurou a continuidade dos esforços de facilitação do diálogo entre o Governo e a Renamo e o apoio à subsequente implementação do acordo de paz.

2020

Na sequência do surgimento da pandemia de COVID-19, o Presidente Nyusi anunciou o Estado de Emergência em finais de março de 2020. Entre outras medidas, foi introduzida uma proibição de todos os ajuntamentos públicos e privados e o encerramento das fronteiras internacionais. O Governo e a Renamo, com o apoio do Enviado Pessoal e do Secretariado para o Processo da Paz, trabalharam em conjunto na reformulação das actividades, de modo a assegurar a implementação segura do Acordo de Maputo. Após consultas com o Ministério da Saúde (MISAU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Presidente Filipe Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, aprovaram um plano de implementação revisto.

A 4 de Junho de 2020, o Governo e a Renamo retomaram as actividades de DDR em Savane, distrito de Dondo, província de Sofala, tendo o Presidente Nyusi e o líder da Renamo, Momade, visitado o local a 5 de junho e testemunhado a entrega de armas por parte dos ex-combatentes da Renamo. As actividades de DDR prosseguiram até ao fim do ano, registando-se o encerramento de seis bases e a desmobilização de 1.490 ex-combatentes (29% do total). Tanto o Presidente como o líder da Renamo expressaram a sua satisfação com o ritmo e a conduta do DDR, reiterando o seu empenho contínuo na paz.

2021

Apesar dos desafios impostos pela actual pandemia da COVID-19, desde o início do projecto até ao final de 2021, 3.267 beneficiários de DDR (156 mulheres e 3.111 homens), equivalentes a 63% do número total de beneficiários de DDR, participaram em actividades de DDR e regressaram a casa para iniciar o processo de reintegração socioeconómica nas suas comunidades, com 11 bases militares da Renamo encerradas.

À medida que o processo de DDR continuava a demonstrar resultados positivos, os membros da Junta Militar da Renamo (JMR) depuseram as armas para seguir um caminho de paz. No entanto, apesar das extensas acções de sensibilização por parte do Governo, da Renamo e do Enviado Pessoal, o diálogo efectivo com o líder da JMR, Mariano Nhongo, com vista a um resultado pacífico, revelou-se um desafio. O Sr Nhongo morreu num confronto com as Forças de Defesa e Segurança em Outubro. Os restantes membros da JMR foram desmobilizados em Dezembro de 2021, aproximando o país da concretização de uma paz duradoura.  

Foram também feitos avanços importantes no processo de reintegração, tendo o Enviado Pessoal e o PPS engajado com o Governo, o sector privado e as partes interessadas no desenvolvimento para fazer avançar a reintegração através da identificação de oportunidades econômicas, de subsistência e de educação em Moçambique.

Em 2021, os esforços centraram-se igualmente na promoção da reconciliação, tendo o PPS colaborado com cinco Clubes da Paz novos ou reactivados e com uma campanha de reconciliação nacional mais vasta (‘A Paz é Nossa Cultura’), em parceria com o Ministério da Educação.

2022

A implementação do Acordo de Maputo continuou com sucesso em 2022, com mais 1.607 beneficiários desmobilizados e quatro bases encerradas. Estes beneficiários receberam kits de reinserção e estabeleceram-se em comunidades por todo Moçambique, onde iniciaram a sua transição para a vida civil.

Numa demonstração de compromisso à reconciliação nacional, em Abril de 2022, os Superiores concordaram em criar um grupo de trabalho para as pensões com objectivo de consolidar uma estratégia nacional de reforma das pensões, lançando as bases para uma maior estabilidade fiscal e uma paz definitiva. O Enviado Pessoal desempenhou um papel importante neste processo, na qualidade de Presidente do Comité de Supervisão.

O PPS apoiou a criação, consolidação e reactivação de nove Clubes da Paz ao longo de 2022, que continuam a desempenhar um papel central na divulgação de mensagens de paz e reconciliação em Moçambique.  

À medida que a fase de desarmamento e desmobilização se aproximava da sua conclusão, aumentaram os esforços para garantir que a reintegração continuasse a avançar no âmbito dos pilares individual, familiar e comunitário. Em resultado disso, no final de 2022, um total de 1.338 indivíduos (beneficiários do DDR e membros da família) foram conectados à oportunidades de reintegração, e os parceiros de reintegração em 11 distritos tinham apoiado as actividades ligadas ao pilar comunitário da reintegração.

2023

O processo de paz de Moçambique registou importantes sucessos em 2023. Uma das principais realizações, destaca-se a conclusão da fase de desarmamento e desmobilização do DDR, após o encerramento da última base da Renamo em Vunduzi, em Junho de 2023. Com este marco, os 5.221 beneficiários de DDR (271 mulheres e 4.950 homens) estabeleceram-se em comunidades por todo o país e iniciaram o seu percurso de reintegração. Esta conquista foi o resultado da dedicação sustentada por parte dos Superiores, o Presidente Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, com vista à implementação do Acordo de Maputo e à garantia de um futuro de paz sustentável em Moçambique. Estes esforços foram apoiados pelos bons ofícios do Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU de Moçambique. 

Em Abril, foi aprovado um decreto histórico que prevê o pagamento de uma pensão a mulheres e homens desmobilizados elegíveis no âmbito da implementação do Acordo de Maputo. Esta medida proporcionará aos beneficiários de DDR um sentimento de dignidade e reconhecimento, promovendo a inclusão social e dando um exemplo de reconciliação para o resto do mundo.

O ano começou também com Moçambique a ocupar, pela primeira vez na sua história, o seu lugar não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). O país teve assim a oportunidade de partilhar a sua experiência de construção da paz e as lições aprendidas num palco global. Durante a Presidência do Conselho, em Março, Moçambique priorizou temas como Mulheres, Paz e Segurança, Combate ao Terrorismo, Paz e Segurança em África, e Clima e Segurança.

O trabalho de reintegração prosseguiu com determinação norteado por três pilares o indivíduo, a família e a comunidade e tendo em vista o estabelecimento do último grupo de beneficiários de DDR desmobilizados, em junho, estabelecendo-se em comunidades de várias províncias. Prestou-se uma atenção constante na procura e na garantia de oportunidades económicas, educativas e de subsistência em quase todos os distritos do país. 

Pouco depois de conquistar a independência, em 1975, Moçambique parou por uma longa e brutal guerra civil, que custou mais de 1 milhão de vidas. Em 1992, após 16 anos de combate, foi celebrado um Acordo Geral de Paz entre o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO). Foi destacada uma missão de manutenção da paz da ONU para manter a paz até às primeiras eleições multipartidárias do país, em 1994.

 


2013

Com a paz, o país começou a registar um crescimento económico acelerado. No entanto, os benefícios deste crescimento não foram sentidos pela maioria, com mais de metade da população a permanecer abaixo do limiar de pobreza. Isto contribuiu para que a Renamo renegasse o acordo de paz, e em 2013, começasse uma insurgência de baixo nível. Em 2014, foi negociado e assinado um novo acordo de paz pouco antes das eleições gerais. No entanto, os resultados eleitorais foram contestados e o acordo acabou sendo de curta duração, com o ressurgimento da violência em 2015.

2016

No início de 2016, começou uma nova ronda de conversações, apoiada através de um processo de mediação internacional, que ficou conhecida como o processo Avenida. Envolveu um grande número de mediadores, incluindo a Igreja Católica, representada pelo Núncio Edgar Pena; a União Europeia, representada por Mario Raffaelli e a Comunidade de Sant’Egidio; a África do Sul, representada pelos Embaixadores Mandlenkosi Memela, Thanduyise Chiliza e George Johannes; o ex-Presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete; o ex-Presidente do Botswana, Sir Ketumile Masire (GLF); e Jonathan Powell (Inter Mediate), ambos representados por Neha Sanghrajka (Centre for Humanitarian Dialogue). O processo prosseguiu durante mais de cinco meses, no entanto no final de 2016, terminou sem resultados tangíveis. No final de 2016, e após múltiplas tentativas para assegurar uma paz e estabilidade duradouras, os Superiores, nomeadamente o Presidente Filipe Jacinto Nyusi, e o Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, concordaram em adotar uma abordagem diferente e encetar negociações diretas, que se centrassem nos esforços nacionais. Foi solicitado à Suíça que oferecesse bons ofícios. O então Embaixador suíço em Moçambique, Mirko Manzoni, a Consultora de Mediação do Centre for Humanitarian Dialogue Neha Sanghrajka e Jonathan Powell, da Inter Mediate, conduziram “diplomacia de vaivém” (ou em inglês shuttle diplomacy) entre os dois Superiores, até que o contacto directo fosse estabelecido. Isto representou um ponto de viragem no processo de paz. Dhlakama anunciou um cessar-fogo de uma semana no dia 27 de Dezembro de 2016, que foi seguido de duas prorrogações subsequentes.

2017

Desde o início, o processo de paz colocou os Superiores no seu centro. Isto aumentou a responsabilidade das partes no processo e na obtenção de uma solução. Os Superiores lançaram oficialmente o processo de paz nacional no 1 de Março de 2017.

Tinha as seguintes componentes-chave: uma Comissão de Descentralização, para desenhar uma proposta para um novo quadro de descentralização, uma Comissão de Assuntos Militares, para apresentar uma proposta para o DDR definitivo dos combatentes da Renamo e uma Equipa Conjunta de Monitoria e Verificação, para supervisionar o cumprimento do cessar-fogo e investigar denúncias de conflitos como medida de criação de confiança. Foi formado um Grupo de Contacto, presidido pelo Embaixador da Suíça em Moçambique, Mirko Manzoni, para coordenar o apoio da comunidade internacional. Foi também criado um Secretariado no início de 2017 para apoiar o processo.

2018

Foram feitos avanços significativos, que resultaram numa revisão da Constituição, que incluía alterações sobre a reforma da descentralização, e que foi aprovada por unanimidade pela Assembleia da República em Maio de 2018, seguida pela assinatura de um Memorando de Entendimento (MdE) sobre Assuntos Militares em Agosto de 2018. Este MdE traçou o roteiro para o desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR). O processo passou pela morte súbita do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, a 3 de Maio de 2018. Com a nomeação de Ossufo Momade como líder Interino da Renamo, este foi introduzido, de forma rápida e intensa ao processo, para assegurar que o mesmo continuasse no bom caminho. Após a assinatura do Memorando de Entendimento, tanto o Governo como a Renamo demonstraram o seu compromisso em relação à questão central do DDR, com o lançamento oficial do processo em Outubro de 2018. Estão envolvidos os seguintes grupos: Comissão de Assuntos Militares, Grupo Técnico Conjunto de DDR, Grupo Técnico Conjunto de Integração, Grupo Técnico Conjunto de Monitoria e Verificação. Uma equipa de peritos militares internacionais, conhecida como a Componente Internacional, foi também convidada para ajudar o GTCDDR no seu trabalho.

2019

A Renamo demonstrou o seu compromisso para com o processo ao iniciar oficialmente o processo de DDR, juntamente com as suas contrapartes do Governo, na Gorongosa à 29 de Julho de 2019, antes da assinatura do acordo de paz final. Esta combinação de antecipação da implementação durante as negociações ajudou a criar confiança em ambas as partes e levou à assinatura do Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares e do Acordo de Maputo de Paz e Reconciliação Nacional em Agosto de 2019. Estes acordos comprometem ambas as partes a pôr fim a todas as hostilidades políticas e militares e a implementar integralmente o pacote legislativo sobre descentralização. Além disso, ambas as partes reafirmaram o seu desejo de um futuro de paz e reconciliação em Moçambique e prometeram dar prioridade ao diálogo como meio de resolução de diferendos. Em Julho de 2019, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, nomeou o Embaixador Manzoni como seu Enviado Pessoal para Moçambique. Isto assegurou a continuidade dos esforços de facilitação do diálogo entre o Governo e a Renamo e o apoio à subsequente implementação do acordo de paz.

2020

Na sequência do surgimento da pandemia de COVID-19, o Presidente Nyusi anunciou o Estado de Emergência em finais de março de 2020. Entre outras medidas, foi introduzida uma proibição de todos os ajuntamentos públicos e privados e o encerramento das fronteiras internacionais. O Governo e a Renamo, com o apoio do Enviado Pessoal e do Secretariado para o Processo da Paz, trabalharam em conjunto na reformulação das actividades, de modo a assegurar a implementação segura do Acordo de Maputo. Após consultas com o Ministério da Saúde (MISAU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Presidente Filipe Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, aprovaram um plano de implementação revisto.

A 4 de Junho de 2020, o Governo e a Renamo retomaram as actividades de DDR em Savane, distrito de Dondo, província de Sofala, tendo o Presidente Nyusi e o líder da Renamo, Momade, visitado o local a 5 de junho e testemunhado a entrega de armas por parte dos ex-combatentes da Renamo. As actividades de DDR prosseguiram até ao fim do ano, registando-se o encerramento de seis bases e a desmobilização de 1.490 ex-combatentes (29% do total). Tanto o Presidente como o líder da Renamo expressaram a sua satisfação com o ritmo e a conduta do DDR, reiterando o seu empenho contínuo na paz.

2021

Apesar dos desafios impostos pela actual pandemia da COVID-19, desde o início do projecto até ao final de 2021, 3.267 beneficiários de DDR (156 mulheres e 3.111 homens), equivalentes a 63% do número total de beneficiários de DDR, participaram em actividades de DDR e regressaram a casa para iniciar o processo de reintegração socioeconómica nas suas comunidades, com 11 bases militares da Renamo encerradas.

À medida que o processo de DDR continuava a demonstrar resultados positivos, os membros da Junta Militar da Renamo (JMR) depuseram as armas para seguir um caminho de paz. No entanto, apesar das extensas acções de sensibilização por parte do Governo, da Renamo e do Enviado Pessoal, o diálogo efectivo com o líder da JMR, Mariano Nhongo, com vista a um resultado pacífico, revelou-se um desafio. O Sr Nhongo morreu num confronto com as Forças de Defesa e Segurança em Outubro. Os restantes membros da JMR foram desmobilizados em Dezembro de 2021, aproximando o país da concretização de uma paz duradoura.  

Foram também feitos avanços importantes no processo de reintegração, tendo o Enviado Pessoal e o PPS engajado com o Governo, o sector privado e as partes interessadas no desenvolvimento para fazer avançar a reintegração através da identificação de oportunidades econômicas, de subsistência e de educação em Moçambique.

Em 2021, os esforços centraram-se igualmente na promoção da reconciliação, tendo o PPS colaborado com cinco Clubes da Paz novos ou reactivados e com uma campanha de reconciliação nacional mais vasta (‘A Paz é Nossa Cultura’), em parceria com o Ministério da Educação.

2022

A implementação do Acordo de Maputo continuou com sucesso em 2022, com mais 1.607 beneficiários desmobilizados e quatro bases encerradas. Estes beneficiários receberam kits de reinserção e estabeleceram-se em comunidades por todo Moçambique, onde iniciaram a sua transição para a vida civil.

Numa demonstração de compromisso à reconciliação nacional, em Abril de 2022, os Superiores concordaram em criar um grupo de trabalho para as pensões com objectivo de consolidar uma estratégia nacional de reforma das pensões, lançando as bases para uma maior estabilidade fiscal e uma paz definitiva. O Enviado Pessoal desempenhou um papel importante neste processo, na qualidade de Presidente do Comité de Supervisão.

O PPS apoiou a criação, consolidação e reactivação de nove Clubes da Paz ao longo de 2022, que continuam a desempenhar um papel central na divulgação de mensagens de paz e reconciliação em Moçambique.  

À medida que a fase de desarmamento e desmobilização se aproximava da sua conclusão, aumentaram os esforços para garantir que a reintegração continuasse a avançar no âmbito dos pilares individual, familiar e comunitário. Em resultado disso, no final de 2022, um total de 1.338 indivíduos (beneficiários do DDR e membros da família) foram conectados à oportunidades de reintegração, e os parceiros de reintegração em 11 distritos tinham apoiado as actividades ligadas ao pilar comunitário da reintegração.

2023

O processo de paz de Moçambique registou importantes sucessos em 2023. Uma das principais realizações, destaca-se a conclusão da fase de desarmamento e desmobilização do DDR, após o encerramento da última base da Renamo em Vunduzi, em Junho de 2023. Com este marco, os 5.221 beneficiários de DDR (271 mulheres e 4.950 homens) estabeleceram-se em comunidades por todo o país e iniciaram o seu percurso de reintegração. Esta conquista foi o resultado da dedicação sustentada por parte dos Superiores, o Presidente Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, com vista à implementação do Acordo de Maputo e à garantia de um futuro de paz sustentável em Moçambique. Estes esforços foram apoiados pelos bons ofícios do Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU de Moçambique. 

Em Abril, foi aprovado um decreto histórico que prevê o pagamento de uma pensão a mulheres e homens desmobilizados elegíveis no âmbito da implementação do Acordo de Maputo. Esta medida proporcionará aos beneficiários de DDR um sentimento de dignidade e reconhecimento, promovendo a inclusão social e dando um exemplo de reconciliação para o resto do mundo.

O ano começou também com Moçambique a ocupar, pela primeira vez na sua história, o seu lugar não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). O país teve assim a oportunidade de partilhar a sua experiência de construção da paz e as lições aprendidas num palco global. Durante a Presidência do Conselho, em Março, Moçambique priorizou temas como Mulheres, Paz e Segurança, Combate ao Terrorismo, Paz e Segurança em África, e Clima e Segurança.

O trabalho de reintegração prosseguiu com determinação norteado por três pilares o indivíduo, a família e a comunidade e tendo em vista o estabelecimento do último grupo de beneficiários de DDR desmobilizados, em junho, estabelecendo-se em comunidades de várias províncias. Prestou-se uma atenção constante na procura e na garantia de oportunidades económicas, educativas e de subsistência em quase todos os distritos do país. 

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‘Hoje, estamos a mostrar claramente a força do diálogo e a importância da confiança na resolução de conflitos políticos. Hoje é o início do verdadeiro processo de reconciliação, uma condição necessária para consolidar uma paz efetiva, uma maior democratização do desenvolvimento socioeconómico.

PRESIDENTE FILIPE NYUSI

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‘Esta trégua será diferente daquelas que anunciámos no passado. Estou agora a declarar uma trégua sem prazo… A paz está a começar e será uma paz efetiva… Eu acredito, estou motivado, que as coisas vão acabar bem’.

O FALECIDO PRESIDENTE DA RENAMO, AFONSO DHLAKAMA

Momade

‘O compromisso da Renamo é o de manter a paz e promover cada vez mais a reconciliação nacional (…) Estes combatentes devem ser recebidos e respeitados como moçambicanos com iguais direitos e deveres.’

PRESIDENTE DA RENAMO, OSSUFO MOMADE

Testemunhos de Beneficiários de DDR

Os nomes reais foram alterados para proteger a privacidade dos beneficiários de DDR

‘Estou muito feliz. Eu precisava de regressar a casa, entregar o que não é meu [armas]. Os outros colegas que não passaram por este processo [DDR], devem vir. O DDR espera-vos de braços abertos. Não podem ter medo do DDR. É bom regressar a casa e viver com outras pessoas que estão à nossa espera. Até quando [podemos continuar] no mato? A primeira coisa que vou fazer é construir uma casa porque não tenho nenhuma, e o segundo passo é ser agricultora. Vivo da agricultura desde 1985, por isso tenho muita experiência.’
MARIA RAFAEL, TENENTE-CORONEL
‘Estou muito feliz, há tantos anos sem a minha família, e hoje vou viver com eles. É incrível. Depois de ser desmobilizado, o plano é ir para casa e viver com a família… com o dinheiro que recebo posso fazer negócios e contratar pessoas para abrir machamba [para plantação]. Isto vai ajudar-me.’
RAFAEL MELO, CORONEL
‘Vou poder ser um civil. É um pouco difícil deixar a vida militar, mas temos de cumprir, porque acabou, a guerra acabou. A guerra terminou mesmo e o processo de DDR que está a decorrer está a construir os alicerces para uma paz sustentável em Moçambique.’
ANA AFONSO, TENENTE-CORONEL